Trabalhadores sem receber há quase dois meses, produção paralisada e uma dívida bilionária. Cercada de incertezas, a metalúrgica Caraíba Metais, localizada em Dias d'Ávila, não aparenta ter forças para se reerguer. Preocupados e sem nenhuma garantia de curto prazo, os funcionários acamparam na última semana em frente à empresa e, após uma intermediação da secretaria de Relações Institucionais (Serin), o sindicato da categoria conseguiu entregar ao governador Jerônimo Rodrigues e ao presidente Lula, uma carta. Um pedido de socorro.
A paralisação das atividades da Caraíba ocorreu em outubro de 2023, quando a empresa anunciou uma parada de manutenção devido a problemas no precipitador, equipamento essencial para sua operação
Cerca de 500 trabalhadores foram orientados a ficar em casa e o restante, pouco mais de 100 operários, mantiveram sua rotina, apenas o mínimo necessário para garantir a operação do forno, que não pode ser resfriado. Segundo o sindicato dos metalúrgicos de Dias d´Ávila e região, desde então o pagamento do auxílio-alimentação foi suspenso. Em novembro, a justiça de São Paulo homologou o pedido de recuperação judicial. Foi o último mês em que os trabalhadores receberam seus salários. De lá para cá, as duas parcelas salariais do mês de dezembro, férias, 13º salário e a primeira quinzena de janeiro não foram depositados. Na última semana do ano, a Parapanema anunciou um ‘lay off’ ( suspensão das atividades) de cinco meses. Segundo a empresa, "a parada industrial não programada para reparos em sua linha de produção, afetou severamente o fluxo de caixa e a obrigou a adotar o lay-off para parte dos trabalhadores, aprovado em assembleia realizada pelo sindicato da categoria”.
A Integra, empresa responsável pela recuperação judicial, alega que vem atuando junto ao juiz da Recuperação Judicial para liberação de recursos relativos a depósitos judiciais recursais de processos da Justiça do Trabalho, a fim de sanar as verbas atrasadas de dezembro. “A Paranapanema trabalha também para vender créditos de ICMS da Bahia para colocar em andamento o plano de pagamento das verbas em atraso”, diz ainda aSegundo a empresa, “a partir deste mês de janeiro, os trabalhadores em lay-off terão recebimentos por meio da Bolsa Qualificação do Governo e ajuda compensatória da companhia, como estabelece a legislação”.
Alternativas Atualmente, a empresa conta com 750 trabalhadores mas, em sua plena operação, já empregou 5 mil, entre diretos e indiretos. Segundo a carta entregue pelo sindicato a Lula e Jerônimo, a previsão de consumo de cobre no estado da Bahia é de 25 mil toneladas para o setor automotivo, com a chegada da BYD, e de 23 mil toneladas no setor eólico. Caso a empresa não retome sua operação, a Bahia deixará de arrecadar US$ 67 milhões só de ICMS, o equivalente a R$ 337 milhões, mais que todo o dinheiro gasto com a segurança pública da Bahia em 2023. Por isso, o sindicato defende a retomada, pelo estado, do controle da empresa, além da liberação imediata de R$ 3 milhões de créditos de ICMS para a regularização dos salários