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Fidel Castro Díaz-Balart, em imagem de arquivo de 9 de fevereiro de 2007 (Foto: Javier Galeano/ AP)
Na academia, vários livros e inúmeros artigos publicados sobre ciência e educação. No governo de Cuba, passagens por cargos de liderança nem sempre bem-sucedidas.
Mas na ilha, Fidel Castro Díaz-Balart, o "Fidelito", filho mais velho do ex-líder cubano, Fidel Castro, está sendo lembrado pelo governo como um homem que "obteve relevantes reconhecimentos nacionais e internacionais". E entre seus admiradores, como alguém que "foi do povo", dono de "uma modéstia impressionante", além de "um grande trabalhador da ciência", responsável por ajudar Cuba no desenvolvimento das ciências físicas e nucleares e da nanotecnologia.
"Fidelito" (algo como "Fidelzinho" em português) cometeu suicídio nesta quinta em Havana, segundo divulgaram os meios de comunicação oficiais do governo, hoje liderado por seu tio, Raúl Castro. Vice-presidente da Academia de Ciências e de assessor científico do Conselho de Estado, ele estaria em tratamento devido a um quadro de depressão.
A divulgação de sua morte nos meios de comunicação oficiais de Cuba gerou surpresa na ilha, onde a imprensa normalmente não detalha causas de mortes, principalmente em casos de suicídio - um ato que o governo considera desonroso.
A informação foi divulgada pela televisão estatal e pelo site oficial Cubadebate. De acordo com o material veiculado, Fidelito "vinha sendo atendido há vários meses por uma equipe médica, devido a um quadro de depressão profunda".
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Foto de arquivo de Fidel Castro Diaz-Balart, filho mais velho de Fidel Castro (Foto: REUTERS/Claudia Daut)
Como parte do seu tratamento, ele teria ficado internado por algum tempo, mas depois seguiu para o acompanhamento ambulatorial.
Físico nuclear graduado pelo Instituto Superior de Ciência e Tecnologias Nucleares da antiga União Soviética, ele carregava em seu currículo uma forte atuação acadêmica. Por mais de uma década, foi enviado como representante de delegações científicas e educacionais do governo de Cuba a vários países.
No governo, chegou a ocupar cargos de liderança nessa área, mas nem sempre foi bem sucedido.
Uma das atividades que assumiu durante a gestão do pai foi o desenvolvimento da Central Nuclear Juragua, um projeto para levar energia atômica à ilha que acabou suspenso após o colapso da União Soviética.
Fidelito liderou o programa nuclear entre 1980 e 1992. Nesse período, era secretário executivo da Comissão de Energia Atômica de Cuba, mas acabou destituído. Segundo o próprio pai, por "ineficiência".
Ele se manteve então em relativo anonimato até 1999, quando foi nomeado assessor do Ministério da Indústria Básica.
A imprensa oficial cubana havia citado Fidelito pela última vez em outubro do ano passado, quando noticiou que ele havia viajado para participar, no Japão, de um fórum de ciência e de reuniões com executivos da Nikon e da Shimadzu, fabricante de equipamentos científicos nas áreas analítica, médica e de biotecnologia.
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Fidel Castro Diaz-Balart (o quarto a partir da direita com uma bandeira na mão) foi visto pela última vez no dia do enterro do pai, Fidel Castro, em Santiago de Cuba, em 3 de dezembro de 2016 (Foto: Carlos Garcia Rawlins/ Reuters)
Uma de suas últimas aparições a ganhar a atenção da mídia internacional ocorreu durante visita da socialite americana Paris Hilton e da modelo e atriz britânica Naomi Campbell a Havana, em 2015. Ele e Paris fizeram uma selfie juntos no Festival Internacional de Havana.
Um ano depois, em dezembro de 2016, voltou a ser visto - desta vez no enterro do pai, morto aos 90 anos.
Fidel Castro Díaz-Balart era o mais velho dos nove filhos do ex-presidente de Cuba, e o único de seu primeiro casamento.
A mãe, Mirta Díaz-Balart, era integrante de uma das famílias mais ricas da ilha. Após se separar de Fidel - com quem ficou casada de 1948 a 1955 - ela emigrou para os Estados Unidos e posteriormente se exilou na Espanha.
O tio, Rafael Díaz Balart, que integrou o governo do ditador Fulgêncio Batista (destituído do poder em meio à revolução liderada por Castro, em 1959) era crítico de Fidel. Mas não só ele: a família materna de Fidelito se tornou figura proeminente na comunidade anti-Fidel na Flórida. Um primo, Mario Díaz-Balart, é deputado nos EUA, por exemplo.
Castro Díaz-Balart era atualmente casado com María Victoria Barreiro e pai de três filhos, Fidel Antonio, Mirta María e José Raúl - frutos de seu primeiro casamento, com a russa Olga Sminova.
Detalhes sobre o funeral não haviam sido divulgados até a publicação desta reportagem.